sábado, 26 de setembro de 2009

Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.

Cecília Meireles

quarta-feira, 9 de setembro de 2009



Que medo alegre, o de te esperar.
Clarice Lispector

domingo, 23 de agosto de 2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Não sei.

Como? Quando? Onde? Por que?

E agora?

...

E depois?

Cadê?

sexta-feira, 27 de março de 2009

.

Que Absurdo!

Como posso acreditar tanto?

Eu acredito!

Em quê?

No absurdo.

terça-feira, 24 de março de 2009

É para lá que eu vou


Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra "tertúlia" e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio.
Não sei sobre o que estou falando. Estou falando de nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.



Clarice Lispector

domingo, 22 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

Os 6

Indicada pela Ruth, resolvi participar da "bricadeira".
É o seguinte, falo seis coisas sobre mim e indico mais pessoas para que também façam. Mas vou cumprir só metade da missão. Não indicarei ninguém, mas se alguém por ventura veja essa postagem e queira participar sinta-se convidado(a).

E aqui vão meus traumas de infância:


#1_ Quando eu era pequena via gnomos nos cantos do telhado. Eu não consigo lembrar muito bem disso, mas sei que os via e não tinha medo.

#2_ Eu odiava música alta. Tanto, tanto que me dava vontade de chorar.

#3_ Falando nisso, eu ficava c/ vontade de chorar quando não sabia uma questão da prova. E a primeira vez que eu fiquei de prova final adoeci, fiquei c/ febre e até tive delírios.

#4_ Uma vez eu voltei da escola p/ casa contando quantas pegadas daria. Nem lembro quantas deu, a intenção nem era essa, eu só queria demorar p/ chegar em casa. Enfim...

#5_ Outra vez eu peguei uma caixa bem grande (de geladeira) e fiz uma casinha super legal p/ mim, com portinha, janelinhas, etc, e até pintei as paredes c/ giz de cera, mas minha irmã fez eu dar p/ ela... =/ Eu dei (fui ameaçada). E ela nem lembra. =P

#6_ Eu já morei com um tio (Napoleão). Não que isso tenha sido ruim, foi muito importante. Ruim foram os motivos que me levaram a morar lá.


FIM DE PAPO

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

'

Adeus, amor, é um animal em extinção na minha floresta de palavras, desde que seus olhos lumiaram no escuro de minha alma.


André Gonçalves

sábado, 27 de dezembro de 2008

SEMPRE



do Latim semper


em todo o tempo;

a todo o momento, a toda a hora, continuamente, constantemente;

eternamente;

realmente, efectivamente, afinal;

entretanto, no entanto, todavia, contudo;

todo o tempo (passado e futuro);



F I M



Último Romance
(Los Hermanos)


Eu encontrei-a quando não quis
mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocar
a minha TV num jeito de te levar
a qualquer lugar que você queira
e ir onde o vento for, que pra nós dois
sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar

[Composição: Rodrigo Amarante]

terça-feira, 16 de dezembro de 2008


Ah como eu queria ter ao menos uma certeza...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Amarer :

Sonhar

Fazer

Gozar

Morrer

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

NOTA DE REPÚDIO À POLUIÇÃO SONORA DA AV. FREI SERAFIM


As pessoas que freqüentam a Avenida Frei Serafim, puderam perceber nas últimas semanas um ruído proveniente de... Caixas de Som!
Isso mesmo, não bastasse o barulho do trânsito, agora há caixas de som com os piores tipos de “música” na parte mais movimentada da Avenida.
Um lugar em que, graças à nova pavimentação (tava bom de mais pra ser verdade) antes poderia sentar-se para tomar um sorvete, conversar, relaxar, refletir ou até mesmo ler um livro; hoje está um caos, um absurdo, pois ao passar por ela agora lhe é imposto escutar axé, sertanejo e forró.
Não to falando aqui que teria que tocar música clássica ou músicas que pessoas de bom senso consideram “boa música”. Mas já que não dá pra agradar a todos, que não coloquem NADA! O que é errado é essa imposição de estilos musicais de uma média parcela a todas as pessoas que freqüentam o lugar.
O resultado disso é que o meu sentimento, antes de alegria e conforto ao chegar na “Frei” depois de um dia estressante de aulas, foi substituído por REVOLTA! E imagino que seja a mesma situação de outras pessoas que assim como eu, adoram aquele lugar e não querem continuar presenciando tal decadência!
É fato que isso está ERRADO, e vai ter que mudar!
Que essa revolta não fique apenas em discurso! Prometo, pelo meu amor à Frei, que procurarei os responsáveis por tal estapafúrdia e tentarei mobilizar o máximo de pessoas para um protesto a fim de acabar com essa falta de sanidade mental e devolver à
Frei Serafim os ares de encanto que antes transmitia.



Postagem disponível no Blog Strawberry Fields Forever

sábado, 8 de novembro de 2008

Ssshhh...


Que tal fazer mais e falar menos???